sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Deu a louca no tempo

Chuvas diluvianas, ondas de calor intermináveis, tornados em série. Não há como negar que o clima no planeta está diferente. Afinal, o que está acontecendo?

National Geographic Brasil por Peter Miller 2012
ulho de 2010. Um dilúvio desaba nos arredores de Glasgow, em Montana. “A sensação era de que, se ficasse ali no meio e olhasse para o alto, as portas do céu se abririam”, diz o fotógrafo Sean Heavey


A previsão quanto ao fim de semana em Na shville, no Tennessee, era de 5 a 10 centímetros de chuva. Mas, na tarde do sábado 1o de maio de 2010, algumas regiões da cidade já haviam recebido mais de 15 centímetros e a tempestade continuava a cair. Do Centro de Comunicações de Emergência, o prefeito Karl Dean acompanhava os primeiros relatórios da inundação repentina quando as imagens na TV atraíram sua atenção. Uma tomada ao vivo mostrava carros e caminhões na rodovia Interestadual 24 sendo carregados pelas águas de um afluente do rio Cumberland. Boiando ao lado deles havia um edifício transportável de 12 metros. Era uma escola, a Lighthouse Christian School.
Nashville, Tennessee, 2 de maio de 2010. Jamey Howell e Andrea Silvia são surpreendidos pela inundação, que submerge a perua do casal. Os filhos agarram-se ao teto por uma hora. Sob o olhar impotente dos pais, são carregados pelas águas. Cerca de 1 quilômetro adiante se seguram à margem e sobrevivem

“Ficou bem claro que se tratava de uma situação excepcional”, diz o prefeito. Ligações de emergência pipocaram de todos os pontos. Policiais, bombeiros e equipes de resgate foram despachados em botes. De barco, um grupo seguiu para a I-24, a fim de salvar o motorista de uma carreta, já que o nível da água chegava à altura da cabine. Outros soldados retiravam famílias de telhados, assim como trabalhadores presos em galpões. Onze pessoas morreram naquele fim de semana.
Esse tipo de tempestade foi algo novo em Nashville. “A chuva despencou com mais rapidez que jamais vi”, comenta o cantor Brad Paisley, que tem uma fazenda perto dali. “Sabe quando você é surpreendido por um temporal no shopping e pensa: é só esperar cinco minutos e aí pego o carro? Não foram alguns minutos.”
Em 5 de julho de 2011, a maior tempestade de areia de que se tem notícia avança sobre Phoenix, no Arizona. A visibilidade é reduzida a zero. Uma muralha de pó com 1 500 metros de altura é erguida

Na estação local de TV, o meteorologista Charlie Neese podia ver de onde vinha o aguaceiro. Uma corrente de ar fortíssima e de grande altitude – conhecida como “corrente de jato” – havia estacionado sobre a cidade, e uma sequência de tempestades absorveu o ar úmido e quente vindo do golfo do México. Enquanto Neese e seus colegas transmitiam de um estúdio no segundo andar, a redação, no piso inferior, era inundada.
O nível do Cumberland, que serpenteia pelo centro de Nashville, começou a subir na manhã de sábado. Na empresa de embarcações Ingram, David Edgin, um ex-capitão de rebocadores, era responsável por mais de sete barcos e 70 barcaças. Como o pé-d’água continuava com violência, Edgin ligou para o Corpo de Engenheiros do Exército para saber se havia alguma previsão quanto ao nível a que chegaria o rio. “Nunca vimos algo assim. Nossas simulações foram todas extrapoladas”, respondeu o oficial de plantão. Edgin, então, ordenou que todas as embarcações atracassem em locais seguros nas margens.
Foi uma decisão inteligente. Até a noite de sábado, o Cumberland já subira pelo menos 4 metros, até a altura de 10 metros, mas o Corpo de Engenheiros estimava que poderia alcançar os 13. A chuva não deu trégua no domingo, e o rio só chegou a seu nível máximo na segunda-feira. Bateu na marca dos 16 metros, quase 4 acima do ponto de inundação. Os prejuízos foram de 2 bilhões de dólares. Quando saiu o sol, na manhã da segunda-feira, algumas regiões de Nashville tinham recebido mais de 34 centímetros de chuva – duas vezes o recorde registrado durante a passagem do furacão Frederic, em 1979.
É fato que houve alteração no clima. Eventos extremos, tal qual a inundação em Nashville – descrita pelas autoridades como algo que ocorre apenas uma vez por milênio –, acontecem com frequência cada vez maior. Um mês antes da enchente na cidade americana, tempestades torrenciais despejaram 28 centímetros de chuva sobre o Rio de Janeiro em um único dia, provocando deslizamentos de encostas e centenas de vítimas fatais. Três meses depois de Nashville, uma quantidade excepcional de chuva no Paquistão causou enxurradas que impactaram 20 milhões de pessoas. No fim de 2011, inundações na Tailândia deixaram sob as águas centenas de fábricas perto de Bangcoc, o que desencadeou uma escassez mundial de discos rígidos para computador.
Não são apenas as chuvas pesadas que ganham manchete. Na última década, secas terríveis assolaram regiões como o oeste dos Estados Unidos, Austrália e Rússia, assim como a África Oriental, onde dezenas de milhares de pessoas tiveram de se refugiar em acampamentos improvisados. Ondas de calor letais atingiram a Europa e uma quantidade recorde de tornados foi registrada nos Estados Unidos. Os danos causados por esses eventos contribuíram para elevar o custo dos desastres climáticos em 2011 para 150 bilhões de dólares ao redor do mundo, um salto de 25% em relação ao ano anterior. Em 2008, só nos Estados Unidos, um recorde de 14 eventos causaram, cada um, prejuízo de mais de 1 bilhão de dólares.
A água do lago Geneva forma uma camada de gelo sobre carros, árvores e o passeio público durante intensa onda de frio em fevereiro de 2012. Um incomum desvio para o sul da corrente de jato polar chega à África, o que leva massas do ar ártico e neve à Europa e mata centenas de pessoas

Afinal, o que há de errado? Esses eventos são consequência das temíveis mudanças causadas pelas atividades humanas no clima do planeta ou estamos apenas passando por um período natural de mau tempo? É provável que as duas hipóteses sejam verdadeiras. As forças primárias que desencadearam esses desastres recentes foram ciclos climáticos naturais, sobretudo os conhecidos El Niño e La Niña. Nas últimas décadas, os cientistas aprenderam muito a respeito de como esse estranho vaivém na região equatorial do Pacífico influi em todo o planeta.
Durante o El Niño, uma imensa área de água quente – que costuma estar no centro do Pacífico – desloca-se para o leste até a costa da América do Sul. Durante o La Niña, essa mesma zona encolhe e recua para o oeste do Pacífico. O deslocamento dessa região oceânica mais quente ao longo da linha do equador determina as trajetórias das correntes de jato, que são empurradas mais para o norte ou para o sul. Ou seja, o calor e o vapor d’água originados nesse ponto geram tempestades tão volumosas que a influência delas se estende para além dos trópicos. O El Niño tende a levar tempestades ao sul dos Estados Unidos e ao Peru, ao mesmo tempo que favorece secas e incêndios florestais na Austrália. Já com o La Niña, a Austrália tem inundações e há seca no sudoeste americano e no Texas – e em zonas mais distantes, como na África Oriental.
Esses resultados não são mecânicos nem invariáveis: tanto a atmosfera quanto os oceanos são compostos de fluidos caóticos. Outras oscilações também influenciam o clima. Todavia, a região tropical do Pacífico é ainda mais importante, graças à quantidade de calor e umidade que lança na atmosfera. Assim, nos El Niños ou La Niñas mais intensos, as condições se tornam propícias para eventos climáticos radicais no planeta.
Tais eventos naturais, porém, não explicam por si mesmos essa temporada recente de desastres. A Terra tem se aquecido de maneira constante, com aumento significativo na umidade atmosférica. Décadas de observações realizadas no topo do Mauna Loa, no Havaí – assim como em milhares de estações meteorológicas – mostram que o prolongado acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera tem capturado calor e provocado aquecimento no solo, nos mares e no ar. Embora em algumas regiões, sobretudo no Ártico, o fenômeno tenha sido mais intenso que em outras, a temperatura média na superfície terrestre subiu 0,5oC nas últimas quatro décadas. Em 2010, chegou a 14,51oC, repetição do recorde anterior, de 2005.
Arbustos secos encalham nos sulcos de uma plantação de algodão sem cultivo nas imediações de Brownfield, a sudoeste de Lubbock. Ventos fortes e uma onda de calor sem precedentes causaram erosão grave, diz Buzz Cooper, dono de um descaroçador de algodão na vizinhança. “Era como um ventilador quente num forno”, ele diz

À medida que se aquecem, os oceanos liberam mais vapor. “Todos sabemos que, se aumentarmos a chama no fogão, a água na panela evapora em menos tempo”, lembra Jay Gulledge, veterano cientista do Centro de Soluções Climáticas e Energéticas de Arlington, na Virgínia. Nos últimos 25 anos, satélites constataram acréscimo médio de 4% no vapor d’água presente na coluna de ar. Quanto mais umidade, maior a probabilidade de ocorrerem chuvas torrenciais.
Até o fim deste século, a temperatura média mundial pode aumentar entre 1,5ºC e 4,5ºC, dependendo, em parte, da quantidade de carbono que emitirmos. Para os cientistas, é bem provável que as alterações sejam substanciais. Os padrões básicos de circulação do ar vão se aproximar mais dos polos, assim como estão fazendo algumas espécies vegetais e animais para escapar (ou se aproveitar) da intensificação do calor.
Para o climatologista brasileiro Carlos Nobre, um dos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as temperaturas no Brasil já aumentaram em até 0,8ºC nos últimos 50 anos, o suficiente, diz o pesquisador, para alterar o clima, inclusive na Amazônia. “Não há o que fazer para evitar as mudanças nos próximos 20 anos. Isso já foi determinado pelas emissões de gases feitas até aqui.”
Nobre acredita que, com o planeta aquecido, poderá haver secas mais drásticas no Brasil. “A escassez de água e a irregularidade das chuvas devem se acentuar no semiárido nordestino.” Ele acredita que haverá problemas também para as metrópoles. Isso porque, quando a temperatura aumenta, as reações químicas que levam à formação de gases poluentes acontecem mais rápido. “A poluição do ar nas grandes cidades vai se agravar e ondas de calor frequentes também podem aumentar a área de transmissão de doenças tropicais.” Locais hoje livres de malária e dengue poderão desenvolvê-las.
A chuva cai em cascata sobre um morador de Chengdu, que corre apressado pela escada de uma garagem subterrânea. A precipitação volumosa aconteceu em 3 de julho de 2011, inundando ruas e provocando corte de energia na cidade, capital da província de Sichuan

Nas regiões do planeta em que a faixa de chuvas tropicais já está se alargando, afirmam os cientistas, as zonas secas subtropicais cumprem um deslocamento na direção dos polos, e avançam por áreas, como o sudoeste dos Estados Unidos, o sul da Austrália e o sul da Europa, que se tornam cada vez mais suscetíveis a secas. Além da zona subtropical, nas latitudes intermediárias, onde ficam os Estados Unidos, as trajetórias das tempestades também se movem para os polos.
Uma das grandes incógnitas no futuro é o oceano Ártico, que perdeu 40% da camada de gelo estival – aquele que se acumula durante o verão – desde a década de 1980. As temperaturas outonais nessas partes, que agora viraram mar aberto, aumentaram de 2oC a 5oC, pois a água escura absorve a radiação solar antes refletida pelo gelo. Indícios sugerem que o aquecimento está alterando a corrente de jato polar, acrescentando meandros a sua trajetória em torno do planeta.
Isso explica por que o verão passado foi tão quente na América do Norte e tão frio na Europa. Ao deslocar-se mais para o norte que o normal, chegando ao Canadá, a corrente de jato levou ar quente aos Estados Unidos. Ao avançar para o sul sobre a Europa, levou ventos gélidos e neve.
No que se refere a tempestades, as dúvidas dos cientistas são ainda maiores com relação aos possíveis efeitos do aquecimento global. Em teoria, a umidade adicional na atmosfera deveria bombear calor em grandes tormentas, como furacões e tufões, inflando-as e fazendo com que fiquem maiores e mais fortes. Acredita-se que o aquecimento global poderia aumentar a intensidade média de furacões e tufões de 2% a 11% até 2100. Ainda não se sabe se já ocorreu algum incremento nesse sentido. As mesmas simulações que preveem furacões mais fortes também revelam que haverá menor quantidade deles no futuro.
No caso dos tornados, uma atmosfera mais úmida e quente deveria intensificar as tempestades, mas também poderia reduzir o cisalhamento do vento necessário para a formação de redemoinhos. Um número maior de tornados vem ocorrendo nos Estados Unidos. Por outro lado, há mais gente os perseguindo com instrumentos modernos. No entanto, nos últimos 50 anos, não se registrou acréscimo na quantidade de tornados muito fortes. A primavera de 2011 foi uma das piores temporadas desses fenômenos na história americana, com redemoinhos monstruosos. Contudo, os cientistas ainda não têm os dados nem a compreensão teórica para dizer se o aquecimento global é o responsável por isso.
Já em alguns eventos climáticos extremos, a conexão é evidente. Quanto mais quente a atmosfera, maior a possibilidade de ondas de calor excepcionais. Nos Estados Unidos, nos dias de hoje, os recordes de temperatura elevada ocorrem com frequência duas vezes maior que os de temperatura baixa. Em todo o mundo, 19 países registraram ápices históricos de calor em 2010.
Com o aumento da umidade na atmosfera, também se avivaram as precipitações. A quantidade de água que cai em chuvas torrenciais – 1% do total – subiu quase 20% durante o último século no território americano. “Em cada tempestade, recebemos mais chuva hoje do que há 30 ou 40 anos”, comenta Gerald Meehl, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas de Boulder, no Colorado. “Imagine um jogador de beisebol que tenha tomado anabolizantes”, diz Meehl. “Ele entra em campo e faz uma jogada excepcional. Não há como dizer se conseguiu isso por causa dos anabolizantes ou dos próprios méritos. As drogas apenas aumentaram as chances de ele se destacar”, diz Meehl. O mesmo vale para o clima. “Ao acrescentar dióxido de carbono ao sistema, a temperatura sobe e aumenta a possibilidade de ocorrerem eventos extremos. Ou seja, o que antes era algo raro passa a ser frequente”, explica.
Nos últimos tempos, ninguém enfrentou tantas condições climáticas anabolizadas quanto os texanos. Os 1 049 moradores de Robert Lee – pequena cidade do oeste do Texas – passaram grande parte de 2011 aflitos com a dramática redução de seu suprimento de água. O reservatório da cidade perdeu 99% de sua capacidade. “Se não vier mais chuva, não haverá água nas torneiras. A situação é grave”, disse o prefeito John Jacobs no último inverno. Em janeiro, a cidadezinha começou a instalar 19 quilômetros de tubulações para receber água de Bronte, uma comunidade que conta com poços, além de um reservatório.
De outubro de 2010 a setembro de 2011, as precipitações no Texas foram menores que em qualquer outro período de 12 meses, desde que começaram os registros, em 1895. Embora todo o estado tenha sido impactado, a faixa oeste chegou à beira do desastre, com os criadores de gado, agricultores e autoridades contabilizando os prejuízos. A seca também devastou as pastagens. Em uma versão moderna das antigas boiadas, os peões da fazenda Four Sixes, perto de Guthrie, no norte do estado, transportaram, em carretas de dois andares, mais de 4 mil cabeças de gado, até terras mais verdejantes arrendadas em vários estados da região das Grandes Planícies.
“Foi a seca anual mais vigorosa já registrada”, comentou o climatologista local John Nielsen- Gammon. Para piorar, em 2011, os texanos tiveram o verão mais quente dos últimos tempos. Os moradores de Dallas viram os termômetros marcarem 37oC ou mais em 71 dias do ano.
Não há mistério quanto à causa principal disso, segundo Nielsen-Gammon. Para ele, o grande responsável foi o La Niña, que empurrou as trajetórias das tempestades mais para o norte dos Estados Unidos, reduzindo as precipitações em todo o sul, do Arizona às Carolinas do Norte e do Sul. “Tivemos o azar de ficar bem no centro desses eventos”, diz Nielsen-Gammon.
O tornado veio a 209 quilômetros por hora. Mas não o suficiente para afugentar o fotógrafo Mike Hollingshead. O caçador de tempestades registrou este em 20 de junho de 2011, perto de Bradshaw e da Interestadual 80, em Nebraska, onde vagões de carga foram descarrilados

Mas o aquecimento global agravou a situação ao tornar mais potente uma onda de calor já preocupante. “Em condições normais, grande parte da energia do sol evapora a água do solo ou das plantas”, explica Nielsen-Gammon. “Quando não resta água, essa energia passa a aquecer o solo e o ar. Com a baixa pluviosidade, teríamos um recorde de calor no Texas em 2011, mesmo sem o aquecimento global. Mas ele adicionou 1 grau à temperatura.”
Esse grau extra foi como um jato de gasolina nas florestas do estado. Ao acelerar a evaporação, fez com que as matas ficassem ainda mais ressecadas e inflamáveis. De fato, no ano passado, o Texas passou pela pior temporada de incêndios florestais jamais documentada. No total, o fogo destruiu uma área menor que a do estado brasileiro de Sergipe.
Um dos incêndios que mais causaram prejuízos começou em setembro de 2011, na divisa do Parque Estadual Bastrop, a sudeste de Austin, onde as árvores estavam secas e quebradiças. Alimentadas por ventos fortes, as chamas avançaram para o sul, através de bairros residenciais suburbanos, e deram origem ao que os bombeiros chamaram de longas “ruas” de fogo. Milhares de casas foram consumidas pelas labaredas.
O custo e a frequência crescentes dos desastres naturais apenas em parte podem ser atribuídos ao clima. Tais catástrofes são comuns também porque mais gente mora nas áreas de risco. Em estados como Texas, Arizona e Califórnia, a construção de residências em antigas áreas florestadas deixou propriedades expostas a incêndios. Algo parecido ocorre com a urbanização do litoral em estados como Flórida, Carolina do Norte e Maryland, e a construção de casarões de veraneio e hotéis de luxo na rota de furacões e tempestades. Ao mesmo tempo, o crescimento das megacidades nos países em desenvolvimento da Ásia e da África tornou milhões de pessoas vulneráveis a ondas de calor e inundações.
A importância econômica das tormentas não passou despercebida pelo setor de seguros. Em 2011, o desembolso das seguradoras nas perdas ocasionadas por desastres naturais nos Estados Unidos chegou a 36 bilhões de dólares, 50% a mais que a média anual na década anterior. “Se isso é o ‘novo normal’ ou não, o fato é que as perdas são exorbitantes”, comenta Frank Nutter, da Associação de Resseguros dos Estados Unidos. “O passado já não serve de modelo para o tipo de clima que vamos enfrentar.”
Na Flórida, onde furacões, incêndios florestais e secas multiplicam os riscos às seguradoras, várias empresas de âmbito nacional deixaram de oferecer apólices ou introduziram novas restrições. O grande temor delas é outro desastre, como o furacão Andrew, em 1992, que custou às companhias 25 bilhões de dólares. Houve proliferação de pequenas seguradoras ali e, em 2002, o governo estadual criou a Empresa de Seguros Patrimoniais para os Cidadãos, hoje a maior seguradora de residências na Flórida.
Enquanto isso, alguns governos começam a dar passos pequenos, mas relevantes, no sentido de reforçar o preparo para as catástrofes climáticas. Em 2003, uma inusitada onda de calor na Europa fez pelo menos 35 mil vítimas fatais. Análises posteriores constataram que as mudanças no clima haviam duplicado a probabilidade do desastre. Em consequência, várias cidades na França construíram abrigos com ar-condicionado e criaram uma lista dos idosos a serem levados para lá. Quando outra onda de calor atingiu o país em 2006, a taxa de óbitos foi dois terços menor.
Do mesmo modo, depois de uma tormenta tropical tirar a vida de 500 mil pessoas em Bangladesh em 1970, as autoridades do país montaram um sistema de alerta antecipado e construíram abrigos simples de concreto. Hoje, quando ocorrem ciclones na região, a quantidade de mortos não costuma superar os 10 mil.
A atitude mais sensata diante do clima extremo é cuidar de todos os fatores de risco, desde o desenvolvimento de plantas capazes de sobreviver a secas, passando pela construção de edifícios que resistam a inundações e ventanias, até a adoção de políticas que desestimulem a ocupação de locais perigosos. Sem falar da redução nas emissões de gases do efeito estufa.
“Sabemos que o aquecimento na superfície da Terra está aumentando a umidade na atmosfera. Isso já foi constatado, medido e comprovado pelos satélites”, diz Jay Gulledge. Portanto, a probabilidade de ocorrer eventos climáticos extremos só vai crescer. Resta aceitar essa realidade e colocar em prática aquilo capaz de salvar vidas e economias. “Não podemos mais ficar parados e nos conformar.”

RODRIGO PIZETA ESPECIALISTA EM GESTÃO AMBIENTAL: 
Projetos de Gestão integrada de resíduos sólidos
Perícia ambiental
Planejamento Ambiental
Gestão Ambiental nas empresas Consultor IS0 140001
Elaboração e Gerenciamento de projetos ambientais
Especialista em Formatação de Circuitos Turísticos Autosustentáveis 
+ 55 (27) 9944 8003 — arvore.ae@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário