Washington, Estados Unidos, 5/3/2014 – Os governos de vários países do mundo adotaram medidas enérgicas para reduzir os gases que esquentam a atmosfera, oferecendo em conjunto uma base sólida para conseguir um tratado mundial contra a mudança climática.
Países em desenvolvimento, especialmente China e México, lideraram esses avanços em 2013, segundo o maior estudo já feito sobre legislações nacionais relacionadas com a mudança climática, apresentado no dia 27 no Senado dos Estados Unidos. O documento afirma que 66 países, que representam 88% das emissões mundiais de gases-estufa, adotaram quase 500 leis nacionais sobre clima.
Isso “injeta energias positivas às negociações sobre mudança climática na ONU”, afirmou à IPS um dos coautores do estudo, Terry Townshend, subsecretário-geral para o desenvolvimento de políticas da Organização Global de Legisladores para o Equilíbrio Ambiental (Globe International). “O estudo mostra que países de todo o mundo, da África, América, Ásia e Europa, estão legislando para enfrentar a mudança climática e fortalecer a resiliência diante de seus impactos”, acrescentou.
“Essa atividade legislativa está criando mecanismos nacionais e estruturas institucionais para medir, informar e manejar os gases-estufa, um requisito fundamental para um acordo internacional efetivo”, apontou Townshend. Em sua opinião, isso é “impressionante”. Contudo, se apressou em ressaltar, que as leis aprovadas não são suficientes para cumprir a meta prioritária da comunidade internacional: manter o aumento da temperatura média mundial abaixo dos dois graus em relação aos registros pré-industriais.
“Portanto, é preciso fazer muito mais, e os governos e as instituições internacionais devem priorizar o apoio aos processos legislativos a partir de agora e até 2015. Nenhum acordo internacional será eficaz nem terá credibilidade sem leis proporcionais no âmbito nacional”, afirmou Townshend.
O informe de 700 páginas foi publicado pela Globe International e pelo Instituto Grantham de Investigação sobre Mudança Climática e Ambiente da London School of Economics, da Grã-Bretanha. Embora este seja o quarto de uma série, a nova edição tem um alcance muito maior e inclui o dobro de países estudados pela anterior.
As inundações devastaram Port Louis no dia 30 de março. É possível que se repitam em Maurício, bem como os deslizamentos de terra e os ciclones, devido à mudança climática. Foto: Nasseem Ackbarally/IPS
“Esse informe confirma o que muitos suspeitavam: as negociações internacionais são o domínio do mínimo denominador comum, onde as potências competem para descer na lista, em lugar de subir”, observou à IPS a integrante do Instituto para Estudos Políticos, Daphne Wysham.
“A energia necessária para uma ação climática agressiva é maior no âmbito nacional e inclusive subnacional. Isso indica que o princípio de que a ação deve ser tomada no nível mais baixo deveria ser aplicado de maneira urgente e que, talvez, as negociações internacionais já não sirvam para cumprir esses fins”, ressaltou Wysham.
Apoiados por essa fortaleza nacional, Globe, Banco Mundial e Organização das Nações Unidas (ONU) anunciaram, no dia 27 de fevereiro, uma nova iniciativa para colaborar com os parlamentares de cada um dos 66 países analisados no estudo. O Acordo para a Legislação Climática dará assistência aos membros dos poderes legislativos para que possam redigir e aprovar leis e ao mesmo tempo controlar os orçamentos nacionais e as políticas sociais, oferecendo estimativas de seus impactos climáticos.
“Neste 2014 crucial, os países decidiram que medirão as contribuições que farão para um novo tratado climático universal previsto para 2015”, afirmou a secretária-executiva da Convenção sobre Mudança Climática, Christiana Figueres, aos 150 parlamentares de 50 países reunidos durante dois dias em Washington.
“Nenhum desses países o faz para salvar o planeta. O fazem porque veem vantagens sociais e econômicas específicas nessas políticas. E cada um fortalece sua posição nas negociações climáticas com metas concretas e abertura demonstrada para as soluções políticas”, ressaltou Figueres.
Rodrigo Pizeta Especialista em Gestão Ambiental
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