terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

ESPECIAL: Por que o calor bateu recordes nas regiões Sul e Sudeste

veja.com 31/01/2014

São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro registraram recorde de temperatura no mês de janeiro. Uma região de alta pressão instalada entre o Sudeste e o Sul barra a formação de nuvens, diminui as chuvas e aumenta o calor

Praia do Arpoador - Rio de Janeiro capital/A média de temperaturas do Rio de Janeiro neste mês chegou aos 33,9, acima da esperada pelos meteorologistas
Janeiro é o mês mais quente de São Paulo nos últimos 71 anos. A temperatura média ficou em 31,9 graus Celsius, a mais quente desde que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) começou a fazer o levantamento, em 1943. A marca superou o antigo recorde de 31,8 graus Celsius, registrada em fevereiro de 1984.
A previsão é que, nos próximos dias, o calor continue e a umidade fique em torno dos 30% entre o início e o meio da tarde. As máximas devem ser de 33 a 35 graus Celsius.
Em Porto Alegre, este é o janeiro mais quente desde 1916, ano em que Inmet passou a fazer seus registros na capital do Rio Grande do Sul. A temperatura média do mês foi de 33 graus Celsius, quatro décimos acima do recorde anterior, de janeiro de 1953. Na última quinta-feira, a sensação térmica foi de 41 graus Celsius.
Enquanto isso, a Zona Oeste do Rio de Janeiro enfrenta o verão mais infernal dos últimos 30 anos, com a temperatura média em janeiro de 36,5 graus Celsius. Em toda a cidade, a temperatura média registrada é de 33,9 graus Celsius, maior que os 33,1 graus Celsius esperados pelos meteorologistas.

Maiores médias de temperatura em São Paulo

POSIÇÃOMÊS / ANOTEMPERATURA
jan/201431,9°C
fev/198431,8°C
fev/200331,6°C
jan/195630,9°C
fev/199930,9°C
fev/201030,9°C
jan/199830,8°C
jan/199930,8°C
fev/197730,7°C
10ºmar/200730,7°C
11ºfev/201230,7°C











Calor recorde – Uma das explicações para o calor intenso do mês está no ar quente e seco que se instalou entre o Sudeste e o Sul. Uma região de alta pressão, localizada acima do oceano Atlântico, entre o oeste africano e o leste da América do Sul, expandiu-se para uma área que chega até Brasília e passa por Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Esse fenômeno inibe a formação de nuvens, impedindo as chuvas que reduzem as temperaturas. "Sua abrangência está maior, deixando o ar mais seco e quente. Quanto mais seco, menos nuvens, o que significa também que parte da energia solar que seria refletida por elas está indo direto para a superfície, elevando ainda mais a temperatura”, afirma Augusto Pereira Filho, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG-USP). 
De acordo com o Inmet, o forte calor de janeiro está associado também a não formação de uma área de escoamento de vapor d’água com origem na Amazônia, chamada zona de convergência do Atlântico Sul. Ela é responsável por dias mais nublados, úmidos e chuvosos. E também não houve a passagem de frentes frias que provocassem declínio nas temperaturas sobre o Estado.
"Essa falta de umidade está se mantendo: tivemos um inverno muito seco e frio e agora temos um verão muito seco e quente. Essa situação provoca a evaporação rápida da água de rios e dos reservatórios. E isso pode trazer consequências como a falta de água e de energia", diz Pereira Filho. 

Temperaturas de São Paulo em janeiro de 2014

O mês é o mais quente na cidade desde o início das observações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), desde 1943

135791113151719212325272931262830323436JaneiroTemperatura (em ºC)
FONTE: Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)
Fenômeno local – Ainda não é possível saber se o calor intenso está ligado a um fenômeno maior relacionado ao clima. "É preciso lembrar que as estações meteorológicas estão em ambientes urbanos que refletem as condições locais das ilhas de calor. A região metropolitana de São Paulo é um caso típico e essas temperaturas exacerbadas não são representativas de uma área maior", afirma Pereira Filho. "Trata-se de fenômenos locais, com influência muito pequena no balanço de energia global. Além disso, calor e frio intensos são variabilidades climáticas normais, resultado da interação com sistemas maiores no globo. Há muita incerteza sobre estes assuntos, e eles ainda são objetos de investigações para descobrir sua origem."

Rodrigo Pizeta, Especialista em Gestão Ambiental
+55 (27) 99944 - 8003
arvore.ae@gmail.com

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