sexta-feira, 29 de novembro de 2013

ESPECIAL: Arara-azul-de-lear: sertão mais azul

Demorou mais de 100 anos para a espécie ser encontrada na natureza. Agora, pesquisadores tentam preservar as últimas aves existentes no interior da Bahia. por André Julião

Um casal de araras se prepara para voar na histórica região de Canudos, nordeste da Bahia. A escolha do parceiro é feita antes da idade reprodutiva e acredita-se que eles fiquem juntos até o fim da vida.
Com os trabalhos de conservação, esse casal de araras-azuis-de-lear terá muito mais chances de viver o máximo estimado para a espécie, 40 anos
Refúgios na caatinga
As araras-azuis-de-lear vivem no nordeste da Bahia. Embora a Estação Biológica de Canudos seja a única onde há um programa formal de conservação, o esforço de um fazendeiro da Área de Proteção Ambiental Serra Branca (foto) deixou a área próxima das necessidades da espécie.


Ás 9 da manhã, o Sol já castiga os poucos que se habilitam a enfrentá-lo na vastidão semiárida daEstação Biológica de Canudos, na Bahia. Abrigada sob uma rara sombra no paredão de arenito, a bióloga Erica Pacifico, acordada desde as 3 da madrugada, bebe um gole d’água, quente a essa altura, e recebe um chamado no rádio. “Tem filhote. Dois”, diz o colega Thiago Filadelfo, de dentro de uma toca a 50 metros de altura. Capacete na cabeça, o guia João Carlos Nogueira Neto corre para pegar uma gaiola especial. O equipamento é içado, e logo Filadelfo, deitado de bruços no local escuro e malcheiroso por causa das fezes de morcego, acomoda com cuidado os jovens passageiros, que saíram do ovo depois de quatro semanas de incubação.
Assim que os pequeninos chegam ao chão, Erica tira medidas, pesa, verifica se o papo está cheio e coleta restos de comida do bico, além de retirar amostras de sangue e de fezes de cada um antes de devolvê-los ao ninho. Por causa da pesquisa, que ela começou em 2008, os dois filhotes de arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) terão muito mais chances de chegar à idade adulta – podem viver até 40 anos – do que se tivessem nascido décadas atrás. Contabiliza-se hoje algo entre 800 e 1,2 mil dessas araras na natureza – eram 200 no começo dos anos 2000. “A primeira parte do trabalho era entender melhor a biologia reprodutiva delas, sobre a qual existiam pouquíssimas informações”, conta a bióloga, que constatou, por exemplo, que as araras têm um ou dois filhotes por ano, que demoram em média 95 dias para começar a voar.
A Toca Velha, como é conhecido esse hábitat das araras azuis em Canudos, começou a ser resguardada em 1993, quando a Fundação Biodiversitas, organização conservacionista sediada em Belo Horizonte, adquiriu 130 hectares da área, com o patrocínio da médica americana Judith Hart. Além dali, as aves vivem em outros dois pontos da região. Um deles é a Área de Proteção Ambiental Serra Branca, no limite sul da Estação Ecológica Raso da Catarina, distante 37 quilômetros de Canudos. Outro é o Boqueirão da Onça, um grande fragmento de Caatinga entre os municípios de Sento Sé e Campo Formoso, onde apenas dois indivíduos foram avistados nos últimos anos. Nos paredões vermelhos da Toca Velha, no fim da década de 1970, o biólogo alemão Helmut Sick (1910-1991) observou pela primeira vez a espécie na natureza – até então, a arara-azul-de-lear era conhecida apenas por exemplares taxidermizados ou em cativeiro. Era o fim de um mistério de mais de 100 anos, uma das maiores sagas da história da ornitologia.
Heinrich Maximilian Friedrich Hellmuth Sick desembarcou no Brasil em 1939 com a missão de coletar aves para o Museu de Zoologia da Universidade de Berlim. Com o rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Alemanha durante a Segunda Guerra, Sick se escondeu na serra do Caparaó, na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, mas acabou sendo descoberto e encarcerado em 1942. Impossibilitado de estudar aves nos quase três anos que passou detido na Ilha Grande, no Rio de Janeiro, começou a observar invertebrados, formando uma coleção de 24 espécies de cupim, 11 delas inéditas.

Um filhote sai do ovo depois de quatro semanas de incubação. Até três deles podem eclodir, mas a ave que nasce primeiro normalmente vence a competição por alimento com as mais jovens e é a única a sobreviver - Foto: João Marcos Rosa
Àquela época, ainda era desconhecida a origem da arara de cor índigo, de 70 centímetros de comprimento, 20 a menos do que sua parente mais conhecida, a arara-azul-grande (A. hyacinthinus). Os registros científicos atribuíam seu lar à Amazônia, provavelmente porque era do porto de Belém que os animais saíam para serem vendidos no exterior, junto com as “primas” amazonenses. A espécie havia sido descrita em 1856 por Charles Lucien Bonaparte, com base em uma pele depositada no Museu de Paris e em um animal vivo do Zoológico da Antuérpia. Bonaparte, sobrinho do imperador Napoleão, homenageou o artista inglês Edward Lear, um amigo que, em 1832, publicara em um dos volumes de sua obra Illustrations of the Family of Psittacidae, or Parrots uma ilustração da espécie.
No livro, porém, Lear descreve a ave como sendo uma arara-azul-grande. “Ele certamente notou a diferença entre a arara que havia pintado e representantes legítimos de A. hyacinthinus, que sem dúvida também observou. No entanto, sem autoridade para batizar uma nova espécie, teve que aceitar as diferenças encontradas como variações naturais, como o fizeram também inúmeros de seus contemporâneos”, escreveu Sick.
Quando a ave foi reconhecida como nova espécie, Lear já havia abandonado as ilustrações detalhadas de animais para pintar paisagens por causa de uma perda parcial da visão. Mais tarde, o artista se dedicaria à poesia. “Infelizmente, nenhuma carta ou diário sobreviveu para revelar a reação de Lear à homenagem que lhe fora feita. Naquela época, ele estava vivendo e viajando fora da Inglaterra e seu foco era muito mais a pintura de paisagens do que a ornitologia”, diz Robert McCracken Peck, estudioso de Lear na Universidade Drexel, nos Estados Unidos.
Depois de sair da prisão com o fim da guerra, Sick se tornou naturalista da Fundação Brasil Central, tendo coletado diversas espécies e descoberto outras enquanto viajava pelo Xingu com os irmãos Villas Bôas. Em 1965, já como pesquisador do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, Sick leu um artigo no qual o ornitólogo holandês Karel Voous afirmava que a espécie não existia de fato: os exemplares existentes eram híbridos de arara-azul-grande e arara-azul-de-glauco (A. glaucus), espécie já extinta, de menor tamanho entre as três desse gênero. O que o holandês não sabia era que Sick já tinha pistas de que o animal vinha de algum lugar no baixo rio São Francisco graças a relatos de outros ornitólogos.
Depois de três expedições nos anos 1970, em 29 de dezembro de 1978, o veterano cientista e os iniciantes Dante Martins Teixeira e Luiz Pedreira Gonzaga, seus alunos no Museu Nacional, chegaram a Euclides da Cunha, para onde as evidências apontavam ser a morada mais provável da espécie. “A gente procurava gaiola pendurada na porta das casas, sinal de que ali tinha gente interessada em ave”, diz Gonzaga, hoje professor do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, assim como Teixeira.
O dono de uma farmácia, colecionador de passarinhos, levou os pesquisadores para conhecer um fazendeiro que poderia ter informações. Enquanto falavam com ele, um homem que ouvia a conversa se manifestou. “Eu matei uma dessas uns dois meses atrás”, teria dito Elizeu Pereira Alves, o Maninho. Minutos depois, ele voltava com as penas que tinha guardado. À noite, Sick, então com 68 anos e sofrendo com duas hérnias que fizeram seu médico proibi-lo de fazer aquela viagem, havia montado a cauda completa do animal. Ele estava perto.
Maninho levou a equipe até o então distrito de Cocorobó. “Ao final da tarde de 31 de dezembro, vimos à distância três araras azuis que se dirigiam ao dormitório”, escreveram os pesquisadores anos depois. Gonzaga conta, porém, que naquele momento Sick ainda não tinha se dado por satisfeito. Só no primeiro dia de 1979 é que eles avistaram com clareza as araras. Ainda olhando pela luneta, o alemão levantou um polegar para Gonzaga e Teixeira. Era, com certeza, a arara-azul- de-lear. Depois de quase 30 anos de busca, essa era a maior manifestação de felicidade que a dor das duas hérnias permitia ao cientista.
Na volta para o Rio de Janeiro, Sick tratou de contatar as autoridades ambientais federais e alertar para a necessidade de proteger a área. Em alguns meses, Maninho, que o guiou até as araras, seria nomeado guarda-parque da região. O trabalho se revelaria intenso: àquela época, estimava-se haver por volta de 40 araras na Toca Velha e o tráfico de aves corria solto. “Meu pai não podia ver gaiola com passarinho que ele pegava para soltar. Com ele, não tinha conversa”, lembra Dorivaldo Macedo Alves, 49 anos, o filho mais velho de Maninho, falecido em 1998. Dorico, como é mais conhecido, e seu irmão caçula são dois dos três guarda-parque atuais da Estação Biológica de Canudos.
Dorico me apresenta Aderbal Nascimento de Farias, que acompanhou seu pai na busca derradeira de Sick pela arara-azul-de-lear. “Naquela época, a gente chamava o bicho apenas de arara. Não sabia que era azul”, conta Farias. “Como elas não deixavam chegar perto, de longe, pareciam ter a cor verde.” O sertanejo se lembra bem da parte da viagem em que a equipe passou pela Serra Branca. Diferentemente da Toca Velha, onde a vegetação é degradada por causa dos bodes e das cabras que circulam livremente, ali só entra gado quando algum vizinho derruba a cerca. Andando em alta velocidade em uma picape na estreita estrada arenosa – o único jeito de não ficarmos atolados –, não vejo o que há por trás da mata homogênea, que inclui facheiros, mandacarus e licuris. Essas espécies fornecem a maior parte da alimentação das araras.
O licuri é o principal alimento da arara-azul-de-lear – seu bico é adaptado para quebrar a casca dura - Foto: João Marcos Rosa

Quem garante a conservação da Serra Branca com mão de ferro é o fazendeiro Otávio Manoel Nolasco de Farias, que nos conduz aos dormitórios das araras. Aqui só entra quem ele permite. Embora o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) alegue que os paredões estejam dentro da Estação Ecológica Raso da Catarina, Nolasco afirma que a terra é dele e garante fazer sua parte. “Meus inimigos me chamam de coronel, mas a minha única causa é a conservação”, costuma dizer. Ele me recebe em uma de suas fazendas, onde há pouco tempo plantou uma área com milho e licuri apenas para as araras. O apetite delas pelo cereal, porém, deixa outros agricultores furiosos. Um bando faminto pode acabar com uma plantação inteira. Um programa de compensação por lavouras perdidas, criado há alguns anos, não foi para a frente, o que pode ser uma ameaça à espécie. Erica suspeita que a inclusão do cereal na dieta delas se deva à falta de licuri na região, derrubado para dar lugar a pastos e lavouras.
Uma vez por ano, Nolasco abre os portões de sua fazenda para o Cemave, órgão do ICMBio responsável pelo monitoramento dos animais, fazer a contagem das araras. Erica diz, no entanto, que o ideal seria que isso fosse feito quatro vezes mais: contar araras exige uma complexa mistura de matemática e zoologia, que precisa ser feita com frequência para obter estimativas mais precisas. Para saber o tamanho da população, considera-se que 25% dela é composta de adultos em idade reprodutiva. Não é fácil reconhecer os casais. Embora levem em média oito anos para atingir a maturidade sexual, as aves começam a voar em duplas bem mais cedo e chegam até mesmo a se comportar como se estivessem copulando. “Não se sabe por que elas agem assim”, diz Erica. A solução é observar os ninhos. Para ser considerado ativo, é preciso que haja atividade nele por três dias, com pelo menos um dos membros do casal permanecendo no lugar. “É sinal de que eles estão protegendo filhotes ou ovos.” Depois desse tempo, enfim sabe-se quem são os adultos reprodutivos e, como consequência, o tamanho da população.
Um próximo estágio da pesquisa é descobrir em que momento da história a variabilidade genética da população caiu. “Vamos tentar entender se esse momento coincide com algum evento, como uma grande seca ou mesmo a Guerra de Canudos”, exemplifica Erica. Além disso, a bióloga vai poder saber o quanto a população é viável no longo prazo. “Como é um grupo pequeno e localizado, provavelmente está se reproduzindo entre si, o que é prejudicial à sobrevivência da espécie”, diz. Por isso, conservar o hábitat e permitir que as aves se espalhem é fundamental. Erica pretende marcar de dez a 20 indivíduos da Toca Velha com transmissores que emitem sinais via satélite. Assim, poderá saber com precisão onde eles se alimentam, um dado fundamental para definir áreas prioritárias para a conservação.
Seria emocionante voltar em alguns anos e ver mais araras colorindo a Caatinga de azul. No entanto, é hora de partir. Em meu último dia na Toca Velha, não vejo as aves no céu. Apenas empacoto roupas e equipamentos e me despeço da equipe de pesquisa. Pela primeira vez durante toda a viagem, não acordo de madrugada para ir até os dormitórios das araras, a pé ou a bordo da velha picape Bandeirante conduzida por Dorico, parecida com a que Sick rodou pelos sertões nordestinos até chegar a Canudos. A história está viva. Que assim permaneça.
National Geographic Brasil
RODRIGO PIZETA ESPECIALISTA EM GESTÃO AMBIENTAL: 
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Agricultura pode ser aliada na conservação da biodiversidade

por Karina Toledo, da Agência Fapesp 26/11/2013


Mico-leão-dourado (Leontopitechus rosalia): vive na Mata Atlântica
Cachorro-do-mato-vinagre (Speothos vinaticus): vive na Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal
Macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus apella xanthosternos): vive na Mata Atlântica 
Encontrar hoje um cachorro-do-mato-vinagre na natureza é como ganhar na loteria – ao menos para um fotógrafo de natureza. Mas trata-se de um prêmio a ser comemorado com parcimônia, tal é a vulnerabilidade da existência essa espécie. Ele nunca foi caçado por interesse econômico, em razão de sua bela pelagem, como ocorreu até os anos 1960 com a jaguatirica e outros felinos. No entanto, é a destruição do hábitat a maior ameaça a sua existência. O mesmo ocorre com a maioria dos mamíferos que habitam o território brasileiro. Constar nas listas de espécies ameaçadas é o primeiro passo que dá início a uma série de ações que visam impedir a extinção do animal. Para isso, o Ibama e a Fundação Biodiversitas produzem um documento técnico sobre a situação de perigo de desaparecimento de cada animal. National Geographic Brasil/Araquém Alcântara (fotos)


Agência Fapesp – Além da produção de alimentos, serviços e energia, as paisagens agrícolas têm uma função secundária, mas não menos importante, que pode e deve ser fortalecida: a conservação da diversidade biológica.
O tema foi abordado por Luciano Martins Verdade, professor do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (CENA-USP), durante o último encontro do Ciclo de Conferências 2013 do BIOTA-FAPESP Educação, organizado pelo Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade de São Paulo (BIOTA). Realizado no dia 21 de novembro, na sede da FAPESP, o evento teve como tema “Biodiversidade em Ambientes Antrópicos – Urbanos e Rurais”.
“Existe atualmente um conflito entre o setor produtivo e o de conservação. Mas a produção tem de levar em conta a conservação da biodiversidade, que já está lá e pode ser ainda mais rica. Em contrapartida, as iniciativas ambientalistas ligadas à conservação devem considerar o papel que a agricultura tem para a civilização. Não dá para 7 bilhões de pessoas voltarem a ser coletoras. A importância da agricultura é muito grande para que a gente possa se dar ao luxo de ser contra”, defendeu Verdade.
O professor da USP, que também é membro da coordenação do programa BIOTA-FAPESP, acaba de concluir umProjeto Temático no qual estudou o processo histórico de mudança da paisagem agrícola no Estado de São Paulo desde os anos 1850 – quando surgiram as primeiras propriedades privadas – e seu resultado nos padrões atuais de diversidade biológica.
“A história dessa estruturação fundiária logicamente determinou a estrutura da paisagem. Grandes estâncias, sesmarias, foram sendo divididas e cidades foram surgindo em função do comércio proveniente dessas propriedades. Isso tudo se refletiu na estrutura atual de paisagens agrícolas, que tem uma determinada diversidade biológica”, disse Verdade.
Segundo ele, atualmente, ainda predominam no Estado de São Paulo as pastagens voltadas à criação de gado bovino – seguidas pelos canaviais para a produção de etanol e pelas florestas de eucalipto destinadas à produção de papel e celulose.
“Nessas propriedades há mais remanescentes florestais do que nas Unidades de Conservação (UCs) do Estado e, quando começamos o projeto, as paisagens agrícolas nem sequer eram consideradas habitats pelos ambientalistas. Diziam que lá não tinha bicho para ser preservado, mas qualquer pessoa que já tenha pisado em um canavial ou em um eucaliptal sabe que isso não é verdade”, disse.
De acordo com os resultados do Temático, há nas paisagens agrícolas de São Paulo 27 diferentes espécies de mamíferos de médio e grande porte, 17 espécies de mamíferos de pequeno e médio porte, 202 espécies de aves, 18 de répteis, 31 de anfíbios e 55 de peixes.
“A maioria é de espécies generalistas, ou seja, aquelas que usam a paisagem como um todo e não ficam restritas apenas aos fragmentos de vegetação nativa”, explicou Verdade.
Ainda de acordo com os dados do Temático, as plantações de eucalipto são menos permeáveis às aves do que as pastagens, porém mais convidativas para mamíferos e anfíbios. São presenças frequentes no eucaliptais, por exemplo, o tamanduá (Myrmecophaga tridactyla) e a onça parda (Puma concolor). Já nas pastagens é possível observar a presença da seriema (Cariama cristata), da coruja-buraqueira (Athene cunicularia) e do tucano-toco (Ramphastos toco), por exemplo.
“Mamíferos de médio e grande porte, como o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), são menos diversos em pastagens, porém comuns em canaviais. Os roedores e seus predadores são mais frequentes em canaviais do que nos fragmentos de mata nativa”, disse Verdade.
“Uma das principais conclusões do projeto é que essa diversidade não pode ser vista momentaneamente. Ela não é fruto da estrutura espacial de hoje e sim do processo histórico que a formou. Os padrões de diversidade biológica mudam na medida em que muda o uso da terra. E o uso da terra está mudando no Estado de São Paulo”, afirmou Verdade.
De acordo com o pesquisador, há hoje uma grande pressão socioeconômica para que as pastagens de baixa produtividade sejam substituídas pelos canaviais e pela silvicultura, o que terá grande impacto sobre o meio físico e sobre as espécies que ali habitam.
“Haverá, por exemplo, um maior uso de fertilizantes, defensivos agrícolas e outros produtos químicos, o que praticamente não ocorre nas pastagens. Hoje é impossível saber se a mudança será boa ou ruim. Vamos começar a ter capacidade de prever cenários quando entendermos esses processos históricos, socioeconômicos, culturais, evolutivos, ecotoxicológicos que determinam os padrões de diversidade biológica”, disse Verdade.
Na avaliação do professor da USP, além de ampliar o entendimento dos processos que determinam os padrões de diversidade biológica é preciso que os envolvidos com biologia da conservação invistam em inovação tecnológica.
“Com a ampliação da base conceitual e a inovação tecnológica poderemos ajudar no processo de tomada de decisão ligados à governança. Poderemos, de fato, dar às paisagens agrícolas a sua missão multifuncional. Manter o seu caráter de produção de espécies domesticadas, mas associar a ele uma missão secundária, mas não menos relevante, que é a de promover a conservação de espécies selvagens”, defendeu.
Fauna urbana
A diversidade da fauna em ambientes antrópicos urbanos foi o tema da palestra de Elisabeth Höfhling, professora do Instituto de Biociências da USP (IB/USP). De acordo com a pesquisadora, os insetos representam o grupo de maior diversidade nas cidades, mas também há muitas espécies de aves, aranhas, répteis, mamíferos, anfíbios e até mesmo marsupiais.
A diversidade vegetal de cada região é, segundo Höfhling, o aspecto mais determinante para a diversidade da fauna urbana. Mas também são fatores importantes a disponibilidade de alimento, abrigo, água e materiais para construção de ninhos.
Entre os aspectos que contribuem para o declínio de espécies animais em áreas urbanas estão a poluição química presente no ar, na água e na vegetação, a poluição sonora, que causa perda de audição, estresse e alterações na comunicação sonora, e a iluminação artificial, que afeta o ciclo biológico de dia e noite.
Entre as espécies introduzidas pelo homem que se tornam comuns nos ambientes urbanos destacam-se o pardal (Passer domesticus), o pombo-doméstico (Columba livia) e o bico-de-lacre (Estrilda astrild).
De acordo com um levantamento coordenado por Höfhling e publicado no livro Aves no Campus, somente na Cidade Universitária da USP, na zona oeste da capital, há cerca de 161 espécies de aves.
A diversidade da flora nos ambientes urbanos foi o tema da palestra de Roseli Buzanelli Torres, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). A pesquisadora ressaltou a importância da arborização nas cidades para aumentar os níveis de umidade do ar, reduzir a temperatura, a velocidade dos ventos e das enxurradas, conservar o asfalto, reter as partículas poluentes e oferecer conforto emocional e psíquico aos moradores.
“Estima-se que árvores com copas densas possam reter até 98% da radiação solar e as de copas ralas entre 60% a 80%. Além disso, podem reter até 60% da água nas duas primeiras horas de chuvas. Tudo isso diminui o risco de inundações e facilita o abastecimento do lençol freático”, afirmou.
No encerramento do encontro, o coordenador do Programa BIOTA-FAPESP, Carlos Alfredo Joly, anunciou a realização de um novo ciclo de conferências educativas em 2014. O objetivo da iniciativa é contribuir para o aperfeiçoamento do ensino de ciência, principalmente no ensino médio.
Entre os temas previstos estão “Serviços Ecossistêmicos – conceito e valores” (20/02), “Biodiversidade e Polinização” (20/03), “Biodiversidade e Proteção a recursos hídricos” (24/04), “Biodiversidade e Mudanças climáticas e biodiversidade” (22/05) e “Biodiversidade e Ciclagem de Nutrientes” (26/06).

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Apenas 4% das unidades de conservação da Amazônia tem alto grau de implementação e gestão

por Oswaldo Braga de Souza, do ISA 28/11/2013

Estação Ecológica da Terra do Meio (PA), uma das áreas apontadas pelo TCU com baixo índice de gestão e implementação


Relatório do TCU mostra parte ínfima das UCs na Amazônia está implementada e tem gestão adequada. Um quarto do total não tem um único funcionário e só 25% estão sinalizadas ou demarcadas.
Uma parte diminuta das unidades de conservação (UCs) da Amazônia está totalmente implementada e tem uma gestão adequada, aponta um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) feito em conjunto com os Tribunais de Contas dos nove estados da região e publicado na semana passada.
De um universo de 247 UCs analisadas no bioma amazônico, sendo 140 estaduais e 107 federais, apenas 10 áreas ou 4% do total foram consideradas com alto grau de implementação e gestão; 139 áreas ou 56% teriam um índice médio; e 98 UCs ou 39% teriam um índice baixo (leia a íntegra do relatório).
O relatório mostra, por exemplo, que um quarto do total das áreas avaliadas não tem um único funcionário. Só três UCs ou 1,2% do total informaram ter uma quantidade de servidores adequada. Apenas 25% das unidades estão sinalizadas ou demarcadas.
Das 247 UCs, 153 ou mais de 60% não têm plano de manejo, documento fundamental para implantar uma UC que estabelece as normas de uso de seus recursos e o zoneamento dos locais que devem permanecer inalterados, ser recuperados, pesquisados ou dotados de infraestrutura para a administração, fiscalização e visitação.
A situação é um pouco melhor entre as UCs federais. Das 107 áreas deste tipo, 7% tem um índice elevado de gestão e implementação; 75% tem um índice médio; e 18% um índice baixo. Das 140 UCs estaduais, 1% tem um índice alto; 42%, médio; e 57%, baixo.
Segundo o TCU, na prática esses números refletem-se em problemas como parques sem visitação, Florestas Nacionais (Flonas) e Estaduais (FES) sem exploração madeireira legal e Reservas Extrativistas (Resex) com dificuldades para empreender alternativas sustentáveis de geração de emprego e renda para suas populações.
O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pelas UCs federais, Roberto Vizentin, admitiu que há falhas na gestão das áreas. “O TCU identificou com muita precisão quais são os pontos críticos, os gargalos, os nós, daquilo que é considerado – e nós reconhecemos – uma baixa implementação dessas unidades”, afirmou, no seminário promovido pelo TCU para apresentar e discutir o relatório, na quinta passada (21/11).
“Se não houver provimento de mais servidores, recursos humanos e dos meios institucionais para que a missão seja cumprida, não teremos força suficiente para vencer esses obstáculos que foram identificados”, comentou. Ele ressalvou, no entanto, que muitas das áreas analisadas foram criadas há pouco tempo, estando ainda em processo de consolidação.
Orçamento e investimento
O TCU elogia o esforço brasileiro de criação de UCs nos últimos anos. O relatório lembra que, entre 2003 e 2008, o Brasil foi responsável pela criação de 74% das áreas protegidas no mundo. Só em UCs federais, foram formalizados 26,4 milhões de hectares no período. – As 247 UCs somam 110 milhões de hectares ou um quarto do bioma amazônico, o equivalente à soma dos território da Espanha e da França.
O texto do tribunal ressalva, no entanto, que “a política de áreas protegidas não veio acompanhada das condições necessárias à efetiva implementação e adequada gestão das unidades de conservação”. O relatório afirma que “muitas dessas áreas não dispõem de insumos suficientes a uma boa administração e ressentem-se de uma articulação eficiente com atores que compartilham a sua governança, o que impacta no alcance dos resultados esperados para esses territórios”.
O parecer aponta que, entre 2011 e 2012, o orçamento empenhado do ICMBio – aquele que foi efetivamente autorizado – caiu de R$ 511,6 milhões para R$ 475,3 milhões. Estudos do próprio ICMBio e do Ministério do Meio Ambiente (MMA) citados no relatório indicam que seria necessário dobrar esse orçamento para atender a demanda das UCs. O trabalho do tribunal também traz dados de pesquisas que comprovam que o investimento do governo federal em UCs por quilômetro quadrado é bem menor do que em outros países em desenvolvimento, como Argentina, Costa Rica, México e África do Sul.
O TCU determina que o ICMBio apresente um plano de ação com as providências necessárias para dotar todas as UCs federais com planos de manejo em 180 dias. Vizentin afirma que o prazo é “plenamente exequível”.
O tribunal também determinou que o MMA, responsável pela coordenação do Sistema Nacional de UCs (SNUC), promova ações para garantir a articulação entre os diferentes órgãos e atores responsáveis pela gestão das UCs. Ele também determinou que os órgãos responsáveis pela gestão das UCs elaborem estudos sobre o potencial turístico e situação fundiária das áreas.
Segundo o ministro relator do parecer, Weder de Oliveira, o objetivo do trabalho, no entanto, não é punir os órgãos responsáveis, mas monitorar e orientar sua atuação.
Combate ao desmatamento
Vários dos problemas já vinham sendo apontados por pesquisadores, organizações da sociedade civil e órgãos do próprio governo nos últimos anos. A novidade do parecer do TCU é que ele faz uma análise global das UCs na Amazônia. Além disso, como órgão fiscalizador subordinado ao Congresso, o tribunal dá mais força política para a discussão do problema no momento em que a política ambiental do governo federal está na berlinda por causa da retomada do desmatamento na região.
O relatório reforça justamente que a criação de áreas protegidas tem papel importante no combate ao desmatamento. Segundo o TCU, apenas 6% dos alertas de desmatamento feitos pelo monitoramento do governo ocorreram em UCs. Segundo o parecer, a probabilidade de ocorrência de desmatamento fora das UCs é mais de quatro vezes maior do que dentro delas.
O documento do TCU lembra que as UCs não são a única estratégia para conter o desmatamento e que o Poder Público “necessita manter e aprimorar esse conjunto de ações (criação e manutenção de UCs, atividades de fiscalização, mecanismos financeiros positivos, etc), sob risco de se perder os benefícios já obtidos”.
No seminário no TCU, o consenso entre os vários especialistas convidados a discutir o relatório é de que os gastos efetivados e os que ainda precisam ser feitos na gestão das UCs devem ser considerados como investimentos estratégicos. “O sistema de UCs não é caro na comparação com os benefícios gerados pelos serviços que elas prestam ao País”, analisou Beto Veríssimo, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Para saber mais sobre as UCs na Amazônia, visite o site Unidades de Conservação do Brasil.

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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Resíduos Sólidos: Pesquisa Ibope revela hábitos de moradores de Natal

por Redação do WWF Brasil 28/11/2013


Coleta seletiva em Natal. Foto: WWF Brasil/Eduardo Aigner

Pesquisa de opinião foi apresentada pelo Programa Água Brasil no I Seminário Brasileiro de Gestão de Resíduos ontem, dia 26.
Em Natal, 86% dos moradores sabem o que é coleta seletiva. Mas apenas 46% das residências são atendidas pelo serviço. 94% dos natalenses que não têm acesso ao serviço disseram estar dispostos a separar o lixo, caso venham a ter coleta seletiva. Porém, 48% dos entrevistados não sabem o destino do lixo não reciclável produzido em suas casas e, como no restante do Brasil, o conhecimento de legislação sobre o tema e especificamente sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ainda é muito baixo.
Em 2012, o Instituto Ibope, a pedido do Programa Água Brasil, ouviu 406 moradores de Natal, com mais de 16 anos, das classes A/B (33%), C (53%) e D/E (14%), para compreender os hábitos de consumo e descarte de resíduos na cidade. Os dados foram apresentados na terça-feira, dia 26, pelo Programa Água Brasil no I Seminário Brasileiro de Gestão de Resíduos, que está sendo realizado ao longo desta semana na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
A pesquisa faz parte do estudo nacional Consumo Sustentável realizado em outras quatro cidades: Caxias do Sul (RS), Rio Branco (AC), Pirenópolis (GO) e Belo Horizonte (MG). Foram ouvidos 2002 brasileiros. O Programa Água Brasil, uma parceria do WWF, Banco do Brasil, Fundação Banco do Brasil e Agência Nacional de Águas, atua nas cinco cidades junto às prefeituras e associações de catadores na implementação da agenda da PNRS.
“Na pesquisa, Natal se destacou como uma praça onde a população concede um peso um pouco maior a questões sustentáveis e sociais. As campanhas de conscientização de consumo parecem eficazes quando feitas massificadas, como é o caso das sacolinhas plásticas e dos copos descartáveis, em menor escala. O conhecimento sobre coleta seletiva é alto, apesar de nem todos serem atendidos”, destaca Natalia Gurgel, analista do Instituto Ibope.
Consumo
Dentre os produtos consumidos com maior frequência, estão produtos de limpeza perfumados (97%), amaciante de roupas (81%) e água engarrafada (76%).
Em relação à posse de bens duráveis, 100% dos entrevistados possuem fogão, 99% geladeira e 98% televisor.
Descarte dos resíduos
Em Natal, 48% da população não sabe o destino do seu lixo. Papel (96%), plástico (98%), vidros (82%) e metais (85%) são os materiais mais conhecidos como sendo recicláveis. Conhecimento sobre coleta seletiva é alto: 86% dos moradores entrevistados sabem o que é o serviço. Mas apenas 46% das residências dos entrevistados são atendidas. Os materiais são recolhidos, em sua grande maioria, por catadores (39%) e cooperativas (37%).
Chama atenção a falta de conhecimento para compostagem de resíduos: 81% dos entrevistados nunca ouviu falar do assunto. Em contrapartida, 47% acreditam que mais educação sobre o lixo irá ajudar a melhorar a questão na cidade.
Consciência sobre o tema e disposição para mudar
Questões ambientais ainda têm uma percepção de importância muito abaixo de outras questões sociais, mas o acúmulo de lixo aparece como um problema em Natal para 18% dos entrevistados.
Dentre os principais problemas causados pelo lixo, 52% citaram transmissão de doenças e 44% a contaminação do solo.
Apenas 19% já ouviram falar em alguma legislação sobre lixo. 16% dos entrevistados disseram ter ouvido sobre a PNRS. Logística reversa é o tema mais conhecido da política: 31%.
A cobrança pela taxa de lixo não é bem aceita em Natal: 69% declararam ser contra. Apenas 28% concordam com a cobrança da taxa.
Relação com catadores
Os catadores de materiais recicláveis são personagens conhecidos dos natalenses, 93% reconhecem os trabalhadores, 84% consideram que eles prestam um serviço importante à comunidade.
“Como em todo o Brasil, em Natal há muitas oportunidades para evoluirmos na gestão de resíduos, em especial no que diz respeito à educação ambiental da população. Vale destacar que Natal tem se posicionado na vanguarda ao promover a participação das cooperativas de catadores de materiais recicláveis na coleta seletiva”, afirma Gustavo Lemos, líder do eixo Cidades Sustentáveis do Programa Água Brasil, pelo WWF-Brasil.
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Emissões de metano dos EUA seriam 50% maiores do que se pensava

por Fabiano Ávila, do CarbonoBrasil 27/11/2013
Queima de metano é uma prática comum na exploração de petróleo e gás nos EUA. Foto: Pacific Northeast National Laboratory.


Estudo analisou 12.700 medições entre 2007 e 2008 e concluiu que a metodologia oficial pode estar desconsiderando uma quantidade significante de metano sendo liberada para a atmosfera devido à exploração de petróleo e gás
Os Estados Unidos são atualmente o segundo maior emissor de gases do efeito estufa, com 5122 MtCO2 e, atrás apenas da China, com 9628 MtCO2 e, porém essa estimativa pode estar bastante equivocada.
Esse é o alerta que faz um estudo realizado por 15 climatologistas de diversas instituições, entre elas a Universidade de Harvard e o Centro de Pesquisa Conjunta da União Europeia.
Depois de analisarem 12.700 medições entre 2007 e 2008, em especial descargas originárias da exploração de petróleo e gás, os pesquisadores descobriram que, em alguns casos, as emissões de metano são na realidade até cinco vezes maiores do que o estimado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA). Isso significa que, no total, a liberação de metano pode chegar a ser 50% maior do que os números oficiais.
O estudo estima que em 2008 os EUA liberaram 49 milhões de toneladas de metano no ar, bem mais do que as 32 milhões de toneladas apontadas pela EPA e do que as 29 milhões de toneladas calculadas pela Comissão Europeia.
“A discrepância é bastante significativa. Nossa pesquisa sugere que as emissões norte-americanas não são contabilizadas corretamente, com amplas regiões do país não sendo consideradas”, afirmou Scot M. Miller, do Departamento de Ciências Planetárias e da Terra da Universidade de Harvard, um dos principais autores do trabalho.
Segundo os números mais recentes da EPA, de 2011, o metano representa apenas 9% das emissões norte-americanas. Além disso, a liberação do gás teria caído em até 12% desde 1990.
O novo estudo contesta essas informações, alegando que, quando a agência analisa as emissões do setor de energia, baseia seus cálculos sobre o metano apenas pela venda de unidades de carvão ou gás natural, praticamente ignorando o que é liberado na exploração de petróleo e gás.
Assim, de acordo com os pesquisadores, os estados produtores de petróleo, como Kansas, Texas e Oklahoma, podem ser na realidade responsáveis por até 25% de todas as emissões de metano nos EUA.
“Algo está errado com os inventários atuais. O impacto total dos EUA nas emissões mundiais é bem diferente do que pensávamos, para pior”, disse Anna Michalak, da Universidade de Stanford, coautora do estudo.
A EPA afirmou que ainda não teve tempo de analisar as descobertas, mas que espera serem uma “ajuda para refinar as estimativas oficiais”.
Grupos ligados ao setor de energia dos EUA, como a Associação Independente de Petróleo da América, declararam que o estudo não tem valor, pois nos últimos cinco anos houve grandes avanços nas tecnologias de extração de gás e petróleo. Além disso, criticou os autores por estarem apenas “dando um chute” sobre uma questão tão importante.
O metano é 21 vezes mais potente do que o dióxido de carbono para o efeito estufa, e é normalmente associado à decomposição e ao processo de digestão animal.

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